segunda-feira, julho 24, 2006
Sobre o nada
É preciso distinguir três coisas: o vácuo, o vazio e o nada. O vácuo é um espaço não preenchido por qualquer matéria, nem sólida, nem líquida, nem gasosa, nem plasma. Mas pode conter campos: campos elétricos, magnéticos ou gravitacionais, luz, ondas de rádio ou outros campos não materiais. O vazio já seria um espaço sem matéria e sem nenhuma outra coisa. Mas no vazio ainda haveria o espaço vazio, isto é, a capacidade de caber algo, só que não tem. No Universo não existe vazio completo, pois todo o espaço é preenchido por campo gravitacional e pela luz que o atravessa ou outras partículas e campos, mesmo que rarefeitos. No nada não existe nem o espaço. O nada não é um lugar. É impossível estar-se no nada porque sempre tem-se que estar em algum lugar. Por definição quando se fala de existência se fala da existência de algo. E o nada não é coisa alguma. O nada é uma representação linguística do que se pensa ser o nada. A definicäo do nada se dá somente por meio da negação de tudo o que existe, portanto o nada não é definido ou conceituado positivamente.
O que alguém quer dizer exatamente ao afirmar que não está sentindo nada? Ao apertar alguma parte do corpo, o médico pergunta: Não está sentindo dor? E você espera poder dizer: Não estou sentindo nada. Ao sofrer uma desilusão amorosa, você espera poder dizer: Já passou, não estou sentindo mais nada. Quando se está de dieta e alguém pergunta, solicitamente: O que vai querer? Seria de bom tom retrucar: Não, obrigada, não vou querer nada. Considero então que o nada é uma nova forma de auto-controle. postado por Carla
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